13.8.10

AO REDOR DO MUNDO OU AO REDOR DA TERRA?

Pense em 2001: Uma Odisséia no Espaço. Ignore a pujança cinematográfica, o dantismo acoplado ao filme. Veja-o como um poderoso cartaz que resistiu por décadas, pregado por aí, nas mais remotas portas; seus axiomas não trazem rupturas, não fizeram escola e nem se mostraram, apesar das distorções de centenas de milhares de passantes, ortodoxos ou revolucionários em qualquer acepção. São axiomas petrificados, sem se passarem por mandamentos. Antimperativos, não orientam nem distraem, não evocam, não explicam, não demonstram. São simplesmente uns conjuntos vazios, um catálogo inindicificável de sensações extremamente vagas; tão vagas que não se pode cruzar com elas sem aquiescer inconscientemente, nem negar sua indiferença ríspida e penetrante.

O espaço é o espaço conhecido. O universo é até onde os olhos enxergam. O traço de 2001 que representa esse berço comum e alcance físico da humanidade não é o infinito (impossível), mas cada passo que se dá em direção ao novo, à porção desconhecida do possível.